quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O organograma não é mais o mesmo

Postado por Saymon Nogueira Lima

O que as empresas esperam daqueles que ocupam os principais cargos da hierarquia corporativa na era da turbulência

Em graus variados, a crise global está provocando também mudanças na estrutura interna das empresas, com os perfis dos cinco principais cargos da hierarquia corporativa - presidente, diretor financeiro, marketing, vendas e recursos humanos - sendo revistos à luz dos novos desafios. "Os melhores profissionais vão ficar mais expostos", afirma Marcelo de Lucca, da empresa de recrutamento Michael Page. O diretor executivo fez uma análise, a pedido da DINHEIRO, sobre as competências necessárias em tempos de inquietação econômica:

Nas presidências, a prioridade é para líderes com experiência em situações de transformação

Presidente - As companhias passaram a priorizar líderes com experiência em situações de transformação. "Crise demanda pensamento estratégico e rapidez, seja num contexto global ou local", diz de Lucca. Segundo ele, estamos voltando ao modelo da década de 90, quando o profissional com sólida experiência era a bola da vez, ao contrário do que sucedia até pouco tempo atrás. "No boom das aberturas de capital, CEOs mais jovens e dispostos a trabalhar 16 horas por dia eram muito requisitados", observa de Lucca.
Diretor financeiro - Será uma das mudanças mais expressivas dentro das companhias. Se nos últimos dois anos um dos principais atributos exigidos era a capacidade de se envolver em processos de captação financeira, agora será o planejamento e controle de custos.
Diretor de marketing - As verbas nessa área podem ser reduzidas e o executivo terá de ser mais criativo para expor a empresa de forma atraente e com menos recursos.
Diretor de vendas - Terá de ser arrojado para criar novos canais, rever o posicionamento de produtos e política de preços. "Muitos deles estavam acomodados. A velocidade do mercado havia facilitado por si só o crescimento das organizações."
Diretor de RH - Uma de suas preocupações era criar ferramentas modernas de atração e retenção de profissionais. Agora o executivo se volta para o desenvolvimento da equipe.


Um profissional estratégico
Se boa parte das empresas no Brasil hoje tem diretorias de logística, essa não era a realidade há pouco mais de dez anos. O executivo dessa área é cada vez mais valorizado por seu papel na redução de custos e melhoria dos serviços prestados. A logística consiste no planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem de matérias-primas e produtos acabados desde o ponto de origem até o ponto de consumo. "Há falta de profissionais nesse setor em todos os níveis. Recebo muitas ligações de headhunters pedindo indicações, mas não há especialistas suficientes para suprir a demanda", diz André Chiarini, engenheiro com dissertação de mestrado em logística pela Coppead/UFRJ.
No mês passado, Chiarini deixou o cargo de diretor de serviços compartilhados da Vale International S.A., baseada na Suíça, para comandar o ILOS Infra, unidade do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) focada na geração de negócios de infra-estrutura. "Essa área vai crescer muito nos países emergentes e grandes investimentos estão sendo feitos por governos, conglomerados, fundos de pensão e de private equity", diz Chiarini. O ILOS acaba de concluir uma pesquisa sobre o perfil do executivo brasileiro de logística: ele tem 38 anos em média, é formado em engenharia de produção ou administração e possui dez anos de experiência no setor. A pesquisa foi feita com 150 funcionários de nível gerencial. "O perfil mudou. Antes eles vinham dos setores de transportes e compras e não tinham pós-graduação em logística", informa Maria Fernanda Hijjar, coordenadora do trabalho. A diretora, que atua na área desde 1992, ainda lembra que 80% dos executivos são homens. E os salários vão de R$ 50 mil (início de carreira) a R$ 300 mil (ou mais) por ano.

Fonte: Revista Istoé Dinheiro - Edição 582

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