sábado, 29 de novembro de 2008

Pela 6ª vez, Bolsa é o pior investimento do mês; ouro lidera ganhos em novembro.

28/11/2008 - 20h10. UOL Economia.
Info Money.

Por Altilene Soares.

SÃO PAULO - Apesar da disparada na última semana do mês, o Ibovespa (principal índice da Bolsa paullista) acumulou no período baixa de 1,77%. Assim, a aplicação em renda variável garantiu o posto de pior alternativa de investimento pelo sexto mês consecutivo.Na outra ponta, o ouro foi o melhor investimento do mês: o grama da commodity negociada na BM&F Bovespa fechou a sexta-feira (28) valendo R$ 57,80, com valorização mensal de 13,33% (veja tabela no fim do texto).Estas duas informações - investimento mais conservador com expressiva valorização, resultado, entre outros fatores, da maior procura, contra renda variável mais uma vez na lanterna entre o desempenho das principais alternativas de aplicação - sozinhas já mostram que, embora o clima pessimista que tomou conta dos mercados globais desde a intensificação da crise financeira tenha dado certa trégua, a palavra de ordem ainda é cautela e poucos se arriscam a posicionamentos de maior risco.Mais da criseTomando por base a intensificação da crise financeira em meados de setembro, que teve como marco a segunda-feira de concordata do Lehman Brothers e venda da Merrill Lynch ao Bank of America, pode-se dizer que, no geral, novembro apresentou uma trégua no clima amplamente pessimista instaurado desde então nos mercados em todo o mundo.Mas longe de estarmos perto de uma normalização. O mercado de crédito ainda carrega o estresse, assim como o preço dos ativos. Sem contar que, a cada dado econômico divulgado, fica claro o impacto da crise de crédito no lado real das principais economias mundiais.Ao longo do penúltimo mês de 2008, sucederam-se ao redor do globo pacotes bilionários de estímulo econômico, atuações do FMI (Fundo Monetário Internacional), amplas ações de política monetária e as evidências de quanto a falta de liquidez penalizou o lado corporativo. Isso sem contar da ampla gama de indicadores que mostraram fraqueza do consumo e retração de importantes economias como EUA, Reino Unido, Japão, Alemanha e zona do euro.O badalado plano de socorro às instituições financeiras de Wall Street de US$ 700 bilhões aprovado no início de outubro nos EUA mudou de foco: o Tesouro desistiu da aquisição dos "ativos podres" detidos por estas firmas e focará em participação. Um dos beneficiados foi o Citigroup, que teve injeção de US$ 20 bilhões e garantias de US$ 306 bilhões pela FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation). Outra gigante que contou com a ajuda governamental foi, mais uma vez, a seguradora AIG. Enquanto isso, em Detroit, as montadoras General Motors, Ford e Chrysler ajustavam seu controle de custos à espera de também garantirem fatia dos recursos do TARP (Trouble Asset Relief Program), afundadas em dificuldade de levantar caixa e ameaçadas de falência.Agradaram as nomeações de Obama para a equipe econômica de seu governo, que terá início em janeiro do ano que vem. Indo de encontro às expectativas do mercado, Timothy Geithner sucederá Henry Paulson na secretaria do Tesouro. Lawrence Summers será chefe do conselho econômico nacional, Peter Orszag terá a diretoria da pasta do orçamento e Paul Vocker liderará o comitê criado para controlar a crise financeira.Também ganhou destaque neste mês de novembro os encontros do G-20 - grupo composto pelos países desenvolvidos e pelos principais emergentes - que muito discutiram, mas pouco agiram efetivamente em prol de medidas contra a crise financeira. Que nas contas do Fórum Econômico Mundial, já gerou perdas de US$ 5 trilhões.Por aqui, o Banco Central continuou a intervir ativamente no câmbio, via leilões de dólares à vista e contratos de swap cambial, e no crédito, com mudanças no compulsório. Grande repercussão foi dada ao fato de a Petrobras (PETR3; PETR4), alegando "necessidades momentâneas" de caixa, tomar linha de crédito de US$ 2 bilhões junto à Caixa Econômica Federal.Gafisa e Nossa Caixa nos extremos do IbovespaCom um grande passo à concretização de sua venda ao Banco do Brasil (BBAS3), as ações ordinárias da Nossa Caixa (BNCA3) lideraram disparado as maiores altas do Índice Bovespa. A variação em novembro foi positiva em nada menos que 96,59%, com os papéis fechando o período a R$ 63,50. O banco de controle público federal acertou a compra da Nossa Caixa por R$ 5,386 bilhões. Também exerceu influência a divulgação do resultado relativo ao terceiro trimestre, com melhora na rentabilidade e lucro líquido de R$ 69,8 milhões.Na outra ponta, a maior perda dentre os 66 papéis que fazem parte da carteira teórica do Ibovespa foi a ação da Gafisa (GFSA3): desvalorização de 42,6% no mês. Nas quatro semanas do mês, em três este ativo foi o de pior desempenho. Além da repercussão do resultado financeiro do terceiro trimestre, também nortearam os negócios reduções de estimativas de analistas e perspectiva de desaquecimento de setor imobiliário por conta do menor acesso ao crédito. Dólar sobe 7,41% e fecha novembro a R$ 2,32Instabilidade não se restringiu à renda variável, também esteve amplamente presente no câmbio. Mas se em outubro o dólar, reflexo do estresse e da aversão ao risco dos mercados, teve a colocação de melhor investimento, o ritmo de valorização perdeu força neste mês, resultado, além de um clima menos pessimista, da maciça intervenção do Banco Central.O dólar comercial acumulou em novembro valorização de 7,41%, valendo R$ 2,32. No ano, a apreciação é de 30,63%. Renda fixaOs CDBs pré-fixados de 30 dias apresentaram retorno de 1,09% em termos nominais, ou retorno de 0,71% em termos reais.Já o CDI apresentou ganhos de 0,95% no mês. A evolução, descontando a inflação, foi positiva em 0,57%.

* Deduzida a inflação pelo IGP-M que ficou em +0,38% em novembro** Deduzida a inflação pelo IGP-M que ficou em +0,98% em outubro*** Taxa Efetiva Andima**** Taxa pré 30 dias.

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